Estudos culturais, neurodiversidade e psicanálise: um lugar para o autismo
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Data
2018Autor
Cardieri, Mariana Prates
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A presente pesquisa aborda o autismo no contexto social contemporâneo, em uma
articulação interdisciplinar, valendo-se da orientação lacaniana em psicanálise, dos
Estudos Culturais e da noção de neurodiversidade. Trata-se de uma pesquisa
bibliográfica, de revisão teórica e de caráter qualitativo. Justificando-se pela
relevância do tema e pela urgência em se pensarem soluções que melhorem a
realidade do ser humano em sua diversidade, este estudo tem como objetivo
encontrar, na interseção de saberes, um lugar para o autismo. Para tanto, situa-se,
de início, o interesse dos Estudos Culturais pelas minorias, resgatando o contexto
histórico de seu surgimento e sua relação com diferentes grupos de excluídos da
sociedade. Faz-se um levantamento histórico do processo de formulação do
diagnóstico do autismo desde a cunhagem do termo até as definições e critérios
atualmente vigentes. Discute-se sobre a noção de neurodiversidade, sua origem e
as implicações dessa proposta para a sociedade em geral e para os autistas.
Articula-se essa noção aos conceitos sustentados pela psicanálise de orientação
lacaniana – que tem contribuído significativamente para a compreensão da
subjetividade singular desses sujeitos. Apresenta-se um caso de autismo específico,
através da análise do testemunho autobiográfico de uma autista, permeado por
elaborações de psicanalistas lacanianos acerca do tema. Discute-se, por fim, sobre
o autismo generalizado – como um fenômeno contemporâneo comum que, embora
não se configure como diagnóstico específico de autismo, apresenta-se similar em
alguns aspectos. As discussões elaboradas nesta pesquisa permitem concluir pela
pertinência da proposta inicial, de se buscar um lugar para o autismo a partir da
interseção entre os Estudos Culturais, a noção de neurodiversidade e a psicanálise
de orientação lacaniana. Conclui-se, ainda, que os aspectos que, muitas vezes,
marcam as diferenças e produzem segregação social poderiam ser compreendidos
como variações humanas normais ou como virtudes singulares fundamentais para a
garantia da riqueza da humanidade. This research discusses autism in the contemporary social context, using an
interdisciplinary approach based on Lacanian psychoanalysis, Cultural Studies and
concepts of neurodiversity. It is a bibliographical research, theoretical and qualitative
in character. This study aims to establish the relevance of the theme and to
emphasize the urgency of identify solutions that improve the lives of a diverse
population. With this aims, we will point the Cultural Studies interests by the
minorities, recovering the historical context of its emergence and its relation with
marginalized groups of the society. It is a historical survey of autism diagnosis, from
the coinage of the term autism to current criteria and definitions. It discusses the
concept of neurodiversity, including its origins and its implications for society in
general and for the autistic. We link neurodiversity to ideas of Lacanian-oriented
psychoanalysis, which has contributed significantly to the understanding of the
singular subjectivity of autistics. We present a case study through analysis of
autobiographical testimony from an autistic woman, supplemented by commentary
from Lacanian psychoanalysts about her testimony. Finally, we discuss generalized
autism, a common contemporary phenomenon that is similar to specific diagnoses of
autism. This discussion develops an enhanced understanding of autism, at the
intersection of Cultural Studies, neurodiversity and Lacanian psychoanalysis. We
also conclude that characteristics that often mark people as different and produce
social segregation can be understood as normal human variations and as unique
traits fundamental to human diversity.