Bem-estar no trabalho de natureza administrativa/gerencial e fatores que o influenciam: elaboração e validação de um instrumento de medida
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Data
2013Autor
Bcheche, Ilana Calic
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O atual cenário de globalização, aceleração das inovações tecnológicas, acirrada competição e intensa transformação no mundo do trabalho têm afetado os indivíduos e as organizações. Nesse contexto, as organizações, além de gerenciarem o processo produtivo com qualidade, segurança, respeitando o meio ambiente a um custo competitivo, precisam promover o bem-estar no ambiente organizacional. A presente dissertação teve como objetivo verificar a influência de determinados fatores no bem-estar no trabalho administrativo/gerencial, fatores esses relacionados à ergonomia, qualidade de vida no trabalho e pressão no trabalho dentro de uma proposta integradora de tais conceitos. A pesquisa teve como focos principais o desenvolvimento e a validação de uma escala de bem-estar no trabalho, assim como a proposição de um modelo teórico e o teste de hipóteses relacionadas a esse modelo. Foi realizado um survey transversal, em abril de 2013, com 463 profissionais administrativos/gerenciais, em diferentes ramos de atuação. A metodologia fundamentou-se em análises estatísticas pertinentes à validação da escala, tais como da análise fatorial exploratória e confirmatória e Método de Equações Estruturais dentre outras. Os resultados mostram que todos os construtos apresentaram Confiabilidade Composta superiores a 70%. Os construtos “Importância percebida do trabalho” e “Bem-estar no trabalho” mostraram, respectivamente, um R² de 29% e 60%. Os construtos “Emoções negativas” “Emoções positivas” revelaram um R² de 28% e 34% respectivamente, sendo explicados pelo “Bem-estar no trabalho”. O modelo proposto revelou que quatorze construtos explicaram o Bem-estar no trabalho, mas somente cinco deles (“Importância percebida do trabalho”, “Uso e desenvolvimento de capacidades”, “Ambiente de trabalho”, “Desempenho e reconhecimento profissional” e “Apoio e cooperação”) apresentaram impacto estatisticamente significativo. Os construtos “Ambiente de trabalho” e “Apoio e cooperação” influenciam de forma indireta no bem-estar no trabalho, por impactar a Importância percebida do trabalho, que por sua vez se revelou capaz de influenciar diretamente esse construto principal. Os resultados da análise descritiva dos dados demonstram que os sintomas relatados com maior frequência foram “dor de cabeça por tensão ou enxaqueca” (49%), dor/desconforto na coluna” (46%), dor/desconforto no pescoço (42%) e dor/desconforto no ombro (35%). O grupo que sente dores na cabeça por tensão ou enxaqueca devido ao trabalho apresenta emoções negativas com maior frequência do que o grupo que não percebe tal sintoma. Verificou-se que, quanto maior o bemestar, menor a frequência de emoções negativas percebidas e vice-versa e, quanto maior o bemestar, maior a frequência de emoções positivas percebidas. Finalmente, o fator “Postura e disposição do espaço físico” foi o que apresentou uma diferença mais relevante quanto aos sintomas encontrados, em comparação com demais fatores do trabalho e revelou uma avaliação mais negativa pelo grupo que relatou dor ou desconforto no pescoço, na coluna e no ombro, indicando a importância dos fatores ergonômicos para prevenir problemas de saúde no trabalho. Reforça-se, assim, a necessidade de serem realizadas análises ergonômicas das atividades administrativas/gerencias contemplando a avaliação detalhada e individualizada dos postos de trabalho em relação à postura e disposição do espaço físico, dentre outros procedimentos, a fim de contribuir para o bem-estar no trabalho de natureza administrativo/gerencial. In the current context of globalisation, fast technological innovations, fierce competition and intense transformations in the work area have affected individuals and organisations. In this setting, organisations, besides managing the productive process with quality, safety, respect for the environment and competitive cost, need to promote well-being in the workplace. This dissertation had as its goal to verify the influence of certain aspects in the administrative/managerial work, aspects that relate to ergonomics, quality of life at work, and work pressure in an integrative proposal of these concepts. The research had as main focus the development and validation of a scale of Well-being in the workplace, as well as the proposition of a theoretical model and hypothesis tests related to this model. A transversal survey was carried out in April 2013, with 463 administrative/managerial workers, from different areas. The methodology was based on statistical analyses that were pertinent to the validation of the scale, such as exploratory and confirmatory factorial analysis, Structural Equations Method, among others. The results show that all constructs presented Composed Trustworthiness greater than 70%. The constructs “Perceived importance of work” and “Well-being in the workplace” presented, respectively, an R² of 29% and 60%. The constructs “Negative feelings”, “Positive feelings” presented an R² of 28% and 34%, respectively, being explained by the “Well-being in the workplace”. The proposed model revealed that fourteen constructs explained Well-being in the workplace, but only five of them (“Perceived importance of work”, “Use and development of capabilities”, “Workplace environment”, “Professional performance and recognition” and “Support and cooperation”) presented a significant statistical impact. The constructs “Workplace environment” and “Support and cooperation” directly influenced the well-being in the workplace, because it causes an impact in the Perceived importance of work, which was revealed to directly influence this main construct. The results of the descriptive analysis of data show that the most frequent symptoms were “headache caused by tension or migraine” (49%), “back pain or discomfort” (46%), “neck pain or discomfort” and “shoulder pain or discomfort” (35%). The group that suffers from headaches caused by tension or migraine due to work presents negative feelings more frequently than the group that does not present this symptom. It was verified that, the greater the well-being, the less frequently negative feelings are perceived and vice-versa, and the greater the well-being, the more frequently positive feelings are perceived. Finally, the factor “Posture and physical space disposition” was what presented a more relevant difference in relation to shown symptoms, when compared to other factors of work and presented a more negative evaluation by the group that reported neck, back and shoulder pain or discomfort, indicating the importance of ergonomic factors to prevent health problems in the workplace. Therefore the necessity for ergonomic analyses to be carried out is reinforced, contemplating detailed and individualised assessment of the workplace in relation to posture and disposition of physical space, among other procedures, in order to contribute to the well-being in administrative/managerial work.