Motivação do enfermeiro na prática assistencial à luz da teoria da autodeterminação

Abstract

A tríade promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva passou a ser o foco dos serviços de saúde desde a 1ª Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, em 1986. A partir daí houve um movimento mundial de reorganização da assistência à saúde meramente curativa em prol de ações preventivas para a melhoria da qualidade de vida e redução da morbimortalidade. A estratégia adotada para o alcance desse objetivo foi a organização dos serviços de saúde em rede, formando a Rede de Atenção à Saúde, com o propósito de interligar os níveis de atenção e serviços e promover a integralidade do cuidado. Entre os profissionais da Rede de Atenção à Saúde, o enfermeiro se destaca por estar presente na prática assistencial, na gestão do cuidado e na liderança da equipe de enfermagem, a mais numerosa dentro das organizações de saúde, em todos os níveis de atenção. O objetivo deste estudo foi o de analisar os elementos motivacionais percebidos pelo enfermeiro na prática assistencial, a partir da Teoria da Autodeterminação, possibilitando a identificação e descrição dos mesmos nos diferentes níveis de atenção. Entende-se que a motivação do enfermeiro para o trabalho impacta positivamente a qualidade da assistência individual e coletiva, pois um líder motivado impulsiona sua equipe à melhoria do desempenho. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada em campo, de abordagem qualitativa, cujos quesitos foram elencados cuidadosamente para propiciarem o alcance dos objetivos. Os dados foram coletados através da resposta a uma pergunta de pesquisa aberta e tratados por meio da análise de conteúdo. Foram percebidos pelos enfermeiros os seguintes elementos motivacionais: percepção do dever cumprido, relações interpessoais, autonomia, reconhecimento individual, realização profissional, valores humanos, empatia e natureza do trabalho, o que corroborou os estudos dos autores de suporte, exceto quanto ao elemento empatia, que não foi apontado como motivacional nos trabalhos citados. Percebeu-se também a ênfase da promoção da saúde na subcategoria “natureza do trabalho”, indo de encontro às diretrizes mundiais sobre a prevenção de agravos à saúde. Conclui-se que, mediante a governança clínica como estratégia de melhoria na qualidade da assistência, faz-se necessário ao gestor conhecer os elementos motivacionais percebidos pelos enfermeiros e usá-los como ferramenta para motivar o comportamento humano laboral nas organizações de saúde.

The trio promotion, protection, and recovery of individual and collective health has become the focus of health services since the 1st International Conference on Health Promotion, in 1986. From then on there was a worldwide movement to reorganize health care that was merely corrective towards actions of prevention, to improve the quality of life and reduce morbidity and mortality. The strategy adopted to reach this goal was the organization of health services into a network, forming what is called Rede de Atenção à Saúde (Health Care Network), with the purpose of interconnecting the different levels of care services and promoting integrated care. Among the professionals in the Health Care Network, nurses stand out for being present in care practice, in care management, and in the leadership of the nursing team, they are the most numerous within health care organizations across all levels of care. The objective of this study was to analyse the motivational elements nurses experienced in their practice, based on the Theory of Self-Determination, enabling the identification and description of them at different levels of care. It is understood that the nurse's motivation to work impacts positively on the quality of individual and collective care, because a motivated leader drives his team to improve performance. This research was carried out in the field, and has a descriptive nature, with a qualitative approach, and carefully selected questions to help achieve the objectives. The data were collected through interviews and treated using content analysis. The following motivational elements were perceived by the nurses: a sense of accomplishment, interpersonal relationships, autonomy, individual recognition, professional satisfaction, human values, empathy, and the nature of the work, all of which corroborate the supporting authors, except for empathy, which was not pointed out as motivational in the referenced studies. An emphasis on health promotion was also noticed in the subcategory "nature of work", which is in accordance with the global guidelines on the prevention of health problems. So it has been concluded that, through clinical management as a strategy to improve the quality of care, it is necessary for the manager to know the motivational elements nurses value and use them as a tool to motivate human behavior at work in healthcare organizations.