Redes sociais como geradoras de capacidades nas cooperativas: um estudo do segmento lácteo
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Data
2012Autor
Tana, Warlei
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O setor lácteo no Brasil é um importante gerador de riquezas, teve um
faturamento de aproximadamente R$50 bilhões em 2010 e apresenta um ritmo de crescimento
de 5% ao ano. Totaliza uma produção de 32 bilhões de litros ao ano e envolve
aproximadamente quatro milhões de pessoas. Parte dessa produção, vem de um segmento
importante para a economia do agronegócio: as cooperativas agropecuárias. A cooperação
sempre existiu nas sociedades humanas; coopera-se para sobreviver, para superar crises,
sejam econômicas, políticas ou sociais. O cooperativismo surge com vistas a uma melhor
qualidade de vida diante das adversidades. No Brasil, aglutinam-se 6,6 mil cooperativas, com
um montante de nove milhões de associados, empregando 298 mil pessoas. O segmento
agropecuário brasileiro possui 1.548 cooperativas com 943 mil associados e emprega 146 mil
pessoas. Dentro desse segmento, existem 414 cooperativas que produzem aproximadamente
seis bilhões de litros de leite por ano, ou seja, aproximadamente 20% da produção total. Nos
municípios onde as cooperativas se encontram, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
tem apresentado um nível superior à média nacional. Um dos principais produtos que faz
parte do portfólio das cooperativas é o leite. Nessa perspectiva, as cooperativas se
desenvolvem e se adaptam e, junto delas, novas formas de negociação, de relações de trabalho
e de mercados cada vez mais competitivos e exigentes. Para garantirem sua sobrevivência
nesse cenário, fatores como marketing, controle de custos, portfólio diversificado, gestão,
associações, parcerias, atenção ao mercado consumidor e ao cooperado se tornaram um
diferencial e um ponto forte quando da competição nos mercados interno e externo. Em face
do exposto, este trabalho teve como objetivo discutir a influência das redes sociais
interorganizacionais nas capacidades gerenciais das cooperativas que operam no segmento
lácteo de Minas Gerais e do Brasil. Trabalhou-se com pesquisas qualitativa e quantitativa. Na
abordagem qualitativa, aplicou-se o método Lefrèvre e Lefrèvre (2003). Já na abordagem
quantitativa, utilizou-se a Análise de Equações Estruturais (MARÔCO, 2010). Utilizou-se um
questionário aberto para a coleta de dados qualitativos e um questionário estruturado com
escala do tipo Likert de sete classes para a coleta de dados quantitativos. O questionário
aberto foi aplicado pessoalmente, enquanto o estruturado foi enviado por e-mail e por correio
para os dirigentes de 414 cooperativas. Foram obtidas 331 repostas. A coleta dos dados
aconteceu no período de março a agosto de 2012. Depois de trabalhados os dados, deu-se o
processo para a fundamentação do modelo, que teve como base o referencial teórico e
consequente verificação através dos dados pesquisados; posteriormente foi validado pelas
análises de purificação e validade com a aplicação dos vários testes que compõem a Análise
de Equações Estruturais (AEE). Notou-se pelos resultados que os dirigentes das cooperativas
têm preocupado com os preços do leite e com o comportamento do mercado quanto ao futuro
do segmento. Entendem a importância de manterem contato entre si, de criarem uma rede de
relacionamentos entre as cooperativas. Entendem também que essa rede pode trazer inovação
e oportunidades com retornos financeiros, embora isso não tenha ocorrido devido à falta de
confiança entre os dirigentes. Os dirigentes acreditam que é um passo difícil de vencer, pois a
desconfiança passa pela disputa de poder intra e entre as cooperativas. Quanto à rede social
interorganizacional, notou-se que a posição na rede, a densidade, o bom operador e os tipos de
laços na mesma podem trazer importantes benefícios que podem gerar recursos e capacidades
levando a resultados econômicos. Com isso, foi possível constatar que as redes sociais
interorganizacionais geram capital social e que as cooperativas utilizam-se das redes, ainda
que de modo muito incipiente. Notou-se, também, que participar de redes sociais
interorganizacionais pode trazer benefícios para as cooperativas. The dairy sector in Brazil is a major wealth generator, with revenues of
approximately R$ 50 billion (fifty billion reals) in 2010 and growth rate of 5% per year. It
provides a total production of 32 billion liters per year and involves about four million people.
Part of this production comes from an important segment of agribusiness to the economy:
agricultural cooperatives. Cooperation has always existed in human societies; humans
cooperate to survive, to overcome economic, political and/or social crises. Cooperativeness
emerged toward better quality of life in the face of adversity. In Brazil there are 6,600
cooperatives with a total of nine million members, employing 298,000 people. The Brazilian
agricultural sector has 1,548 cooperatives with 943,000 members, employing 146,000 people.
Within this segment, there are 414 cooperatives which produce approximately six billion
liters of milk per year, that is, approximately 20% of the total production. Also, the Human
Development Index (HDI) has shown a level above the national average in municipalities
which host cooperatives. A major part of their product portfolio is milk. In this perspective,
cooperatives have been developing and adapting to new types of negotiation, labor relations
and increasingly competitive markets. To ensure their survival in this scenario, factors such as
marketing, cost control, diversified portfolio, management, associations, partnerships,
attention to the consumer market and to cooperative members have become a must when it
comes to competition in domestic and foreign markets. In view of the above, this study aimed
to discuss the influence of inter-organizational social networks in managerial capabilities of
cooperatives operating in the dairy sector of the state of Minas Gerais and Brazil. We used
combined qualitative and quantitative research methodology: the Lefrèvre and Lefrèvre
(2003) method to analyze qualitative data, and the Structural Equation Analysis (Maroco,
2010) to analyze quantitative data. We utilized an open questionnaire to collect qualitative
data and a 7-point Likert-like scale structured questionnaire to collect quantitative data. The
open questionnaire was administered in person, while the structured one was posted and also
sent by e-mail to the leaders of 414 cooperatives. We obtained 331 responses. Data collection
took place from March to August 2012. As soon as data analysis was carried out, we created a
model based on the theoretical framework; it was then validated by analysis of purification
and validity through the application of the various tests which comprise the Structural
Equation Analysis (ESA). We observed that the leaders in charge of the cooperatives have
been concerned about milk prices and market behavior regarding the future of the sector.
They understand the importance of establishing contact with each other and of creating
relationship networking among the cooperatives. They also understand that this networking
can bring innovation and opportunities with financial returns, although this has not occurred
so far due to lack of trust among them. Leaders find it a difficult problem to overcome, since
mistrustfulness involves power struggle within and among cooperatives. As for interorganizational
social networking, we found that the position in the network, the network
density, the operator efficiency and the kinds of ties established can bring about important
benefits by generating resources and fostering capacities which may lead to economic results.
Thus, we established that interorganizational social networks generate capital and that the
cooperatives make use of networks, albeit incipiently. We noted, too, that inter-organizational
social networks can benefit inter-organizational cooperatives.